O frio lá fora gela os ossos dos que se atrevem a tocar a rua, dos que ousam a sentir a brisa de inverno que chegou...
Olho as pessoas agitadas, ocupadas, nos seus trajectos diários de irem sei lá eu para onde. Mas vão pensativas, com a mente e os olhos repletos de preocupações e nem um cruzar com algum ser vivo os faz distrair, mesmo que por instantes, daquilo que lhes absorve a memória.
Eu não sou assim... eu distraio-me com tudo. Que bom que é chegar à rua e sentir os ossos a gelarem com o frio; que bom que é as lágrimas surgirem nos meus olhos quando o vento é tão cortante que se torna tão dificil resistir-lhe... que bom que é ouvir o barulho dos carros, dos semáforos, dos polícias que não páram de apitar na tentativa de organizar o trânsito... que bom que é conseguir ver e ouvir tudo isto, sentir-me viva, sentir-me atenta mesmo que distraída...
Que bom que é. Ver a luz do dia e poder respirar depois de estar horas a fio sem uma janela poder abrir... que óptimo que é conseguir ainda dar valor às pequenas coisas da vida, como às gotas de chuva que molham o meu casaco e os meus cabelos, que percorrem a minha face, as minhas feições... e limpam cada jeito da minha personalidade... e me lembram de ti...
Porque toda a gota de água me lembra de ti... porque faz-me pensar no teu sorriso, nos teus olhos a olharem-me, a verem-me pela primeira vez daquela forma, daquela maneira tão especial... e o teu beijo... o meu, o nosso primeiro beijo...
Oh, como é bom eu conseguir relembrar tudo isso e sentí-lo como se o vivesse novamente. Como é bom ser assim distraída e viver contigo no meu pensamento conseguindo recordar cada gesto, cada olhar, cada segundo contigo.
Que a vida me mostre directamente aquilo que eu procuro, que ela me deixe viver o que temos, que ela me deixe mostrar o que sei que sinto... por ti.
1 comentário:
Belo texto.
Continua assim ;)
Enviar um comentário